terça-feira, 24 de maio de 2011

Cobertura Marcha da Maconha - Recife

A Marcha da Maconha aconteceu no último domingo, no Recife e ao contrário do que lamentavelmente ocorreu em São Paulo, o clima na capital pernambucana foi de tranqüilidade e determinação. Ganham a democracia, os marchantes e a sociedade. Perde a igreja evangélica e seus representantes que esse ano tentaram impedir que a Marcha acontecesse. O pastor e deputado estadual Adalto Santos se opõe a legalização da maconha e diz que a marcha apesar de ser respaldada pela constituição não deveria acontecer “a discussão sobre a legalidade ou não do consumo deve ser feita em locais apropriados e não em praça pública aos olhos de crianças, idosos e todos os cidadãos” defende o pastor que acredita que a ilegalidade diminui o número de usuários. Diferente dele, o jornalista Neco Tabosa, organizador da Marcha em Recife, não se prende ao termo legalização, “luto pela regulamentação, que é a gerência do estado sobre o tema” explica. Neco acredita na importância do debate científico e sociológico sobre a maconha e sente falta do tema nas pautas do governo. O fato é que o debate vem sendo instigado, senão pelos curiosos, pelos próprios consumidores da planta que já é legalizada em alguns lugares como Argentina e Amsterdam. A verdade é que a questão da legalização ou descriminalização do consumidor da maconha é urgente. O texto de que “a maconha abre as portas para outras drogas” está completamente decaído quando ao mesmo tempo em que existem pessoas que fumam a erva há décadas e tem uma vida ativa sem nunca ter provado outra droga, o álcool está presente na vida das pessoas cada vez mais cedo e é possível ver crianças de 11,12 anos que bebem sem limite. É a famosa manutenção da sociedade que não cansa de ser hipócrita.
O tráfico de drogas é um problema grave que interfere na vida do país inteiro e a imagem do Brasil lá fora, ganha também esse status. No Rio de Janeiro os cidadãos viveram uma verdadeira guerra e a população se choca sem saber que o tráfico e todo aquele terror que vem junto com ele, é fruto justamente da falta de ação de quem sabe o que fazer. Como assim? Pesquisas mostram que os consumidores da maconha não deixam de consumi-las apenas porque é ilegal e ainda assim o governo insiste em tratar dessa questão como um problema de polícia. Alguém ainda acredita que a proibição da maconha é problema da polícia? A verdade é que a política de drogas no Brasil consegue (e para isso a mídia é um aliado perfeito) entorpecer toda a população que acaba inocentemente acreditando que a polícia vai conseguir resolver a questão que na verdade, é de cunho da saúde pública. Essa mesma política de drogas vigente, transforma 4 milhões de brasileiros em criminosos. Hoje, a descriminalização do usuário e a legalização da maconha são bandeiras levantadas por figuras influentes no país, como Fernando Henrique Cardoso que tem viajado o mundo todo defendendo a causa “Nosso objetivo é abrir o debate para acabar com o tabu” afirma o ex-presidente.
O que a sociedade vem pedindo, pelo seu próprio percurso, é que o estado libere o consumo, regularize o comércio, acabe com o tráfico e cuide daqueles que se excedam, assim como acontece com o tabaco e o álcool.

por Maira Baracho, 5NA

Um comentário:

  1. Para ver mais fotos da marcha, siga o link: http://www.flickr.com/photos/mairabaracho/sets/72157626678002763/

    ResponderExcluir